
Fonte: Ciência Hoje
Uma equipa de cientistas da Universidade de Yale integrada pelo jovem bioquímico português Nuno Raimundo e liderada por Gerald Shadel desvendou o processo da perda de audição através da manipulação genética de cobaias, abrindo caminho a um tratamento para a surdez.
A descoberta do mecanismo molecular que leva à surdez é narrada na última edição da “Cell”, uma das três principais revistas científicas internacionais a par da “Nature” e “Science”, e vem demonstrar que “ao contrário do que se pensava até agora, a perda de audição não é irreversível”, afirmou à Lusa o cientista de 35 anos.
As células responsáveis pela audição “estão lá, só não estão a funcionar bem, não estão mortas” e podem ser reativadas “manipulando duas proteínas fundamentais farmacologicamente”, dentro do DNA.
“Se [a perda de audição] não é tratada, à medida que passam anos – este é um problema muito comum, sobretudo nos seniores – pode tornar-se irreversível. [A descoberta] abre algumas janelas de possibilidade terapêutica. Pode vir a reduzir a incidência ou travar”, explicou o cientista, pós-doutorando em Yale.
O estudo demonstra que a remoção de uma molécula conhecida como “superóxido” evita a morte de células críticas para a audição e identifica várias outras moléculas que podem servir de alvos terapêuticos.
Raimundo – primeiro autor do artigo publicado na «Cell» – afirma que vai continuar nesta linha de investigação no próximo ano, nomeadamente “para perceber exactamente quando algumas células [responsáveis pela audição] morrem, como morrem”.
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